Para o coordenador de projetos da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Renato Mendes, a exploração sexual pode ser considerada – ao lado da escravidão, pornografia e tráfico de drogas – como uma das piores formas de relação de trabalho.
“A cidadania deve ser defendida em todas as dimensões da vida humana”, inferiu. “Por isso, lutamos para banir a exploração até 2016 e as demais formas de trabalho infantil até 2020 em todo o planeta”.
Mendes explica que qualquer ocupação produtiva ou econômica na infância implica em um aprendizado por força desproporcional e tem como consequência o prejuízo ao bem-estar da criança. “Trata-se de uma expropriação do pensar e sentir, que quebra o ciclo vital de desenvolvimento”, destacou. “É um desafio de todos, que precisa ser enfrentado com o fortalecimento das instituições e da responsabilidade social empresarial”.
O coordenador explicou que as dificuldades para atingir este objetivo é o caráter impositivo da relação de trabalho, pois – no caso da exploração – muitas vezes o sexo aparece como única opção de sobrevivência. “A ideia equivocada e maniqueísta que ainda predomina no Brasil é de que o pobre ou trabalha ou vira delinquente”.
A violência sexual também apresenta um aspecto estrutural, que atenta contra o próprio Estado de Direito. “Este é um problema que compromete o centro da sociedade do futuro”, reflete Mendes. “Atinge a integridade física, moral e psicológica da criança e do adolescente, interfere em seu desenvolvimento e, por fim, atenta contra o bem comum da sociedade”.
Também filósofo, Mendes argumentou que se faz necessário qualificar o debate e rediscutir o poder afetivo-sexual na cultura, incluindo a excessiva erotização publicitária, além de fortalecer os meios de proteção. “Precisamos questionar a cultura do valor de poder sexual”, sugere. “Além disso, há uma lista de obrigações urgentes como aumentar a idade mínima, fornecer educação integral, apoiar as famílias, exigir e expandir políticas públicas de proteção social, fiscalizar sua aplicação, eliminar a pobreza e muitos outros compromissos inadiáveis”.
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