Programa Na Mão Certa

Proteção exige conhecimento

Para mapear e entender o fenômeno da violência sexual contra crianças e adolescentes, o consultor da Childhood Brasil, Prof. Dr. Elder Cerqueira-Santos, abordou questões conceituais do enfrentamento.

O professor definiu a violência como um problema social, que transcende a esfera individual. “Não é um ato isolado, descontrole ou patologia, mas um desencadear de questões que envolvem a cultura e o desenvolvimento civilizatório”, disse Elder.

Mesmo considerado como uma violação dos direitos humanos, o doutor em psicologia explica que o problema ainda segue como tabu na sociedade contemporânea. “Vivemos sob uma dupla moral sexual”, diz. “Somos um país visto como liberal, mas não conseguimos falar sobre o assunto e expomos à erotização nossas crianças e adolescentes, que sabem pouco sobre o próprio corpo”.

Para não atuar às cegas, é de fundamental importância entender como a dinâmica se desenvolve. “Para saber como prevenir, precisamos entender o fenômeno, as variáveis relacionadas, os contextos específicos, colher dados sobre quem são as crianças, as famílias, os violentadores”, diz.

Elder também distinguiu os principais conceitos, como vulnerabilidade (predisposições ou suscetibilidades a respostas negativas), risco (fatores pessoais, ambientais ou culturais que atuam como obstáculo ao nível individual e potencializam a vulnerabilidade), violência (negligencia sexual, física e psicológica), abuso (extra e intrafamiliar) e exploração (agenciada e não-agenciada).

“No caso da exploração há uma especificidade do Brasil que é a miséria, que faz com que muitas vezes não seja encontrada a relação clássica de pagamento com dinheiro, mas sim com benefícios, itens de subsistência e, principalmente, drogas”, ressaltou.

Rodovias – Coordenada pelo professor Elder, a pesquisa O Perfil do Caminhoneiro no Brasil 2010 apresentou uma diferença significativa entre o grupo aleatório (caminhoneiros autônomos e de empresas não-signatárias) e de controle (caminhoneiros de empresas signatárias) no que tange à média de tempo de espera (58 e 36 horas, respectivamente). O professor destaca como essa variável explica o envolvimento do caminhoneiro: “Entre 2005 e 2010, o tempo ocioso aumentou e, quanto mais tempo parado, maior a chance de envolvimento”.

No entanto, houve uma evolução na percepção do problema, sendo que 94% dos caminhoneiros do grupo de controle já sabem como denunciar. Por outro lado, apenas 71% deles conhecem o Programa Na Mão Certa. “Isso ocorre porque as empresas do setor de transporte de carga rodoviária têm um elevado índice de rotatividade e de novas contratações”, explica. “Sendo assim, é fundamental criar e manter um projeto de educação continuada que se integre ao dia a dia das empresas, visando garantir um resultado de sensibilização de longo prazo para a causa”, conclui.

Confira o PDF da apresentação neste link.

 

  Leia também  

Desafio é ampliar a participação
Criança passou a ser detentora de direitos
Exploração é uma das piores formas de trabalho
Responsabilidade traz ganho competitivo
Especialistas debatem papel dos atores
Cases indicam caminhos para uma atuação eficiente
Um programa para ouvir, se divertir e agir

 

Voltar