O Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional de Justiça, lançou, em fevereiro, uma campanha nacional de combate ao tráfico de pessoas. A ação tem o objetivo de sensibilizar a sociedade em relação ao problema que aflige muitas famílias no Brasil. Nos últimos 20 anos, a Polícia Federal instaurou cerca de 800 inquéritos para investigar denúncias desse tipo, agravadas a partir de 2000.
No alvo da iniciativa estão as vítimas em potencial, que não saem da mira dos traficantes: crianças, doadores de órgãos, mão de obra escrava e mulheres para exploração sexual. Para dar mais impacto à campanha, parte do investimento será destinada a ações promocionais. "O objetivo é dar maior visibilidade à campanha em locais de grande circulação, fazer as pessoas discutirem sobre o assunto e aumentar a aderência das mensagens", destaca Edvaldo Silveira Peixoto, diretor de criação do escritório de Brasília da DM9DDB, criadora da campanha.
De acordo com Eraldo Júnior, diretor executivo da Prommo7 - agência brasiliense responsável pelas ações promocionais -, as intervenções próximas aos públicos-alvo visam fazer com que o espinhoso tema não seja visto como algo distante. "Queremos que a população se coloque no lugar de quem é traficado, por isso as imagens fortes e reais mostram pessoas presas em jaulas", explica.
As peças serão expostas até abril em locais de grande movimentação, especialmente terminais rodoviários e aeroportos. Uma das ações previstas é a instalação de calabouços de verdade em locais públicos do Rio de Janeiro, Recife, São Paulo, Goiânia, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre, Belo Horizonte, Brasília e Belém. Dentro deles, serão projetadas cenas de mulheres presas, em desespero.
Além da simulação, a Prommo7 colocará 26 cubos adesivados com imagens de mulheres dentro de gaiolas em esteiras de 11 aeroportos brasileiros. Nesses locais haverá ainda aplicações em espelhos de banheiros, cartazes informativos e distribuição de folders nos balcões de embarque. "Se alguma pessoa estiver sendo traficada naquele momento, terá uma última chance de mudar seu destino por meio da denúncia", destaca Eraldo Júnior.
Complementam a campanha anúncios para mídia impressa veiculados em revistas de circulação nacional. "Houve preocupação em garantir a divulgação em publicações que conversam diretamente com as mulheres para aumentar o nível de consciência desse público, que está no centro do problema", destaca Peixoto. Há também vinhetas criadas para metrôs, ônibus e terminais rodoviários das principais capitais do País.
O tráfico de pessoas é uma das atividades criminosas mais lucrativas do mundo, com movimentação estimada em US$ 31,6 bilhões anuais - montante comparável ao do tráfico de drogas e de armas. As principais vítimas brasileiras são adolescentes e mulheres, na maioria para prostituição.
Fonte: M&M