Aproveitando uma das datas mais significativas para os caminhoneiros no Brasil, o Dia de São Cristovão, comemorado em 25 de julho, a Childhood Brasil apresenta um balanço de três anos de atividades do Programa Na Mão Certa. Empresas apoiadoras da iniciativa também aproveitaram a data para realizar ações de valorização dos motoristas e conscientização sobre o importante papel que possuem no enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes nas estradas.
Atuando desde 2006, o Programa Na Mão Certa já alcançou mais de 550 empresas signatárias do Pacto Empresarial Contra Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes nas Rodovias Brasileiras , na maioria do setor de transportes de carga. Também foram realizadas ações de educação que capacitaram 135 pontos focais e 199 multiplicadores e guias em empresas do setor de transportes.
Várias ações do meio empresarial aconteceram nestes anos e foram fundamentais para desconstruir a imagem negativa do caminhoneiro frente ao problema da exploração sexual. “Quem observa o problema a distância tende a achar que o motorista de caminhão que esteja explorando sexualmente uma criança ou adolescente é um indivíduo execrável e criminoso por fazer uso dos serviços sexuais de crianças e adolescentes”, afirma a coordenadora de programas da Childhood Brasil, Anna Flora Werneck. Segundo ela, a atuação das empresas signatárias junto aos motoristas tem ajudado a sociedade e os próprios caminhoneiros a criarem uma percepção diferente – a de que eles, como profissionais da estrada, são agentes fundamentais para a transformação desse cenário e para tornar melhor a vida de milhares de crianças e adolescentes.
Com quatro anos de atuação, o Programa Na Mão Certa também ajudou a aproximar governo, sociedade e empresas na busca de um mesmo objetivo. Prova disso são os crescentes números de denúncias feitas através do Ligue 100. Coordenado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR), o Disque Denúncia Nacional (Ligue 100) realizou, somente no primeiro semestre de 2009, 131.287 atendimentos e recebeu e encaminhou 17.009 denúncias. A procura pelo serviço cresce a cada ano. De 2003 a 2008 houve um crescimento de 625%, o que significa que o número de denúncias recebidas passou a ser sete vezes maior. A média de denúncias recebidas a cada dia passou de 12, em 2003, para 89, em 2008. Em 2009, até junho, a média já havia chegado a 94 por dia.
Ações pelo Brasil
Como forma de incentivar os motoristas a utilizarem o Ligue 100 e a se engajarem cada vez mais no enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias brasileiras, várias empresas signatárias do Pacto Empresarial aproveitaram o Dia de São Cristóvão e o Dia do Motorista para promover ações de mobilização.
Em Minas Gerais, a signatária D'Granel realizou atividades com seus motoristas durante toda a última semana de julho. A empresa promoveu palestras e debates sobre temas cotidianos dos motoristas, como direção defensiva, higiene pessoal, estresse e motivação, DST e AIDS, álcool e tabagismo, saúde e segurança nas estradas. Também foram realizados exames médicos em todos os participantes, como teste de visão e medição da glicose, da pressão arterial e da gordura corporal. A empresa promoveu, ainda, seções de ginástica laboral, ginásticas relaxantes individuais e atividades de lazer com os motoristas e suas famílias, como torneio de truco, show musical e almoço de confraternização no último dia de atividades. No total, foram seis dias de ações que alcançaram mais de 120 caminhoneiros e envolveram mais de 80 colaboradores. “O motorista, por permanecer grande parte do tempo fora da empresa, às vezes se sente deslocado. Ações como essa ajudam a mostrar que ele que faz parte de um time, em que todos se completam e se ajudam”, afirmou o supervisor da empresa, Eduardo Mendes.
Em Goiânia (GO), a signatária Belcar Caminhões também realizou uma série de atividades em comemoração ao Dia do Motorista. Em parceria com diferentes organizações, como Sest/Senat, Sesi e Secretaria da Cidadania e do Trabalho do estado de Goiás, a empresa promoveu ações de orientação aos caminhoneiros e atividades de lazer e saúde. Foram realizados testes auditivos e visuais, medição da pressão arterial, atividades de ginástica laboral e massagem relaxante, além de orientações sobre alimentação, saúde e ergonomia, atividades realizadas em parceria também com as empresas Promed e Águia Diesel. A empresa também reforçou a orientação aos motoristas sobre os problemas causados pela exploração sexual de crianças e adolescentes nas estradas e sobre como realizar denúncias. “Abordar o tema da exploração sexual de crianças e adolescentes e orientar os motoristas sobre o assunto é de extrema importância”, declarou a assessora de comunicação da empresa, Katia Marin. “A receptividade dos motoristas que participaram da palestra foi notada através das perguntas feitas e da interatividade entre eles e a palestrante. Todos foram orientados sobre a importância de se tornarem agentes de proteção dos direitos da criança e do adolescente. Ações como esta valorizam os motoristas”, completou.
Já em Pernambuco, a Gerdau Açonorte, do grupo signatário Gerdau, promoveu a Semana do Caminhoneiro. O evento foi realizado durante três dias no pátio da empresa, em Recife e contou com o apoio do Sest/Senat, do Sesi e do Corpo de Bombeiros. Mais de 500 caminhoneiros passaram pelo local e foram alcançados pelas ações, que envolveram palestras, debates e atividades complementares. Foram abordados temas como a exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias, direção defensiva, prevenção de acidentes, meio ambiente, qualidade e responsabilidade social. Também foram realizados exames de glicose e colesterol e medição da pressão arterial, além da distribuição de brindes e materiais informativos. “Essas ações visam valorizar os profissionais que transportam o Brasil sobre rodas”, afirmou o coordenador de transportes da empresa, Elenaudo Linhares. Segundo ele, os resultados alcançados durante o evento foram bastante positivos.
Uma maratona de atividades foi realizada no Rio Grande do Sul pelo Centro Logístico Eichenberg & Transeich e pela Fundação Eichenberg. Durante todo o dia 24, equipes de colaboradores se revezaram em atividades de mobilização, conscientização e entretenimento. Os principais temas abordados foram segurança no trânsito, saúde e bem estar dos motoristas, e enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias brasileiras. A cada quatro horas, soavam buzinas na empresa, anunciando uma nova palestra e uma nova série de atividades. Em parceria com o Sest/Senat, os caminhoneiros que passaram pelo local tiveram a pressão arterial medida, participaram de seções de ginástica laboral, e souberam mais sobre saúde no volante.
Como forma de estimular a troca de experiências e a denúncia da exploração sexual de crianças e adolescentes, a cada palestra realizada, a empresa oferecia espaço para que os motoristas falassem sobre o tema e dessem seus depoimentos. “Nós precisamos estar conscientes sobre o que acontece nas estradas, até porque a maioria dos motoristas possui filhos pequenos e temos que pensar na nossa família”, declarou o motorista da Eichenberg, Adroaldo Dias. “Nós temos que denunciar este tipo de atitude na estrada. Temos que levar estas informações adiante e ajudar a conscientizar os outros motoristas. Todos nós temos filhas, sobrinhas e certamente não gostaríamos de vê-las em uma situação de exploração sexual. Eu estou há muito tempo na estrada e sei que isso existe e fico feliz de conhecer o Programa Na Mão Certa e saber que as empresas estão preocupadas com isso”, completou o caminhoneiro João Batista Correa da Silva. “O evento do dia dos motoristas foi muito produtivo, pois além de tornar o dia destes profissionais especial também conseguimos transmitir nossa principal mensagem: Combater a exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias brasileiras. Poder conhecer e divulgar uma iniciativa tão importante como o Programa Na Mão Certa é algo recompensador, afinal um país que tem seu desenvolvimento através das estradas não pode aceitar este tipo de situação”, avaliou a colaboradora da empresa, Andressa Ruaro.