São Paulo foi a sede do primeiro Workshop Regional do Programa Na Mão Certa em 2009. Realizado no último dia 15 no auditório da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (ABAD), o evento contou com a participação de aproximadamente 50 pessoas, de 40 diferentes empresas.
Durante a abertura, Carlos Barreto, gerente executivo da ABAD, signatária do Pacto e apoiadora do evento, lembrou da importância da conscientização de todos sobre o problema da exploração sexual. “Queremos formar uma rede de proteção à infância e à adolescência. Esse processo deve envolver a todos, empresas, governo e sociedade. Por isso, é fundamental que as empresas conheçam o Programa Na Mão Certa e transformem os compromissos assumidos na assinatura do Pacto Empresarial em ações”.
O evento foi dividido em dois momentos. Pela manhã, foi realizada a oficina Compromissos e Ações, direcionada aos pontos focais, responsáveis pelo contato entre o Programa e a alta gestão das empresas. Ministrada pelo consultor Fabiano Rangel, a oficina teve a participação de cerca de 20 representantes de empresas dos setores atacadista, de cosméticos, química e petroquímica, transportes, agroindústria, bebidas e portuário.
Além da apresentação do Programa, metas e objetivos, a oficina destacou a importância do envolvimento dos gestores nas ações de enfrentamento e debateu a necessidade das empresas terem consciência do lugar que ocupam e das responsabilidades que exercem em suas cadeias de valor. “Além dos caminhoneiros, as empresas têm vários profissionais que andam pelas estradas levando o nome da empresa, e que também devem ser educados contra a exploração sexual. É preciso ter uma lógica de cooperação, porque a cadeia de transporte, indiferente se é uma empresa ou se presta serviço a várias, tem ações refletidas e que acabam generalizando todo o setor envolvido”, declarou Rangel. “Ter a exploração sexual de crianças e adolescentes em qualquer elo da cadeia de valor é uma situação de risco para todo o negócio”, completou.
Durante a tarde, mais de 30 pessoas, representando 25 diferentes signatárias, participaram da oficina Projeto de Educação Continuada. A atividade teve como foco os multiplicadores, responsáveis pela implantação do projeto de educação continuada junto aos motoristas. Além da apresentação do Programa e dos principais pontos do Estatuto da Criança e do Adolescente, a oficina apresentou o perfil dos caminhoneiros brasileiros e auxiliou os participantes a traçarem critérios para identificar a exploração sexual nas rodovias e ações de mobilização e enfrentamento.
“Infelizmente, a violência sexual contra criança e adolescente já é classificada como problema de saúde pública no Brasil”, lamentou o psicólogo Élder Cerqueira, consultor do programa que ministrou a segunda oficina. Frente à preocupação dos participantes com relação às redes de atendimento, o consultor reforçou que “as empresas e o Programa Na Mão Certa, de maneira alguma, vão tomar o lugar do Estado no papel do encaminhamento e do atendimento às vítimas. O que devem, no entanto, é cobrar iniciativas e ações”.
Em ambas as oficinas, o papel do motorista como agente de proteção dos direitos de crianças e adolescentes foi ressaltado, assim como a importância de ações continuadas. “O Programa Na Mão Certa não pode ser visto como uma ação única e limitada, como uma panfletagem. É preciso o envolvimento de todos os setores, a mobilização da sociedade, e, acima de tudo, a ação continuada com os motoristas, que devem ter o Programa incorporado ao seu dia-a-dia”, completou Cerqueira.
Até o final do ano, outros seis Workshops estão programados. O próximo acontece no dia 13 de maio, em Itajaí (SC). Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail atendimento@namaocerta.org.br.