A discussão dos conteúdos presentes nos volumes 3 a 8 do Guia Na Mão Certa cria um espaço para que o multiplicador da empresa reflita, junto com o caminhoneiro, sobre aspectos de sua vida profissional e pessoal, ajudando-o no constante desafio de conciliar as obrigações de um funcionário responsável; os deveres de cidadão em promover um futuro mais justo e igualitário para todos; e o compromisso que tem para garantir o bem estar e a boa educação dos filhos — como equilibrar todos esses papéis e ao mesmo tempo trabalhar seu desenvolvimento pessoal?
O principal objetivo desta etapa do Projeto de Educação Continuada é resgatar a autoestima do caminhoneiro. Sujeito a longas jornadas de trabalho e longos períodos atrás do volante, privado do convívio com familiares e amigos, o caminhoneiro trava uma batalha pessoal contra o cansaço, a saudade e a solidão na estrada — a rodovia, aliás, é outra adversária pela precariedade de pavimento e falta de pontos de parada.
O desgaste físico e emocional é um fator prejudicial: diminui seu rendimento profissional, aumenta suas chances de provocar um acidente e torna-o ainda mais propenso a se envolver com a rede de prostituição e drogas como cigarro, álcool, cocaína e rebite — todos eles estimulam o vício; o consumo constante desvia a atenção do motorista para o verdadeiro problema, que é a falta do cultivo de uma vida mais equilibrada e saudável.
Afinal: como exigir que um caminhoneiro às voltas com tantos problemas esteja apto a observar os direitos da criança e do adolescente e a participar ativamente da proteção da infância?
Para o caminhoneiro, a expectativa de reencontrar a família depois de rodar quilômetros e quilômetros é um estímulo para concluir a viagem. Mas sem pleno descanso, boa alimentação e exercícios físicos, é possível que essa viagem pare no meio. Um dos dados do Volume 3, que aborda a Saúde do Caminhoneiro, mostra que 54% dos acidentes são causados por sonolência ao volante.
Esse cansaço pode ter relação com outro dado: sete entre dez caminhoneiros estão acima do peso. Além de problemas nas articulações, devido ao sobrepeso, a obesidade provoca apneia, que é quando a pessoa deixa de respirar seguidas vezes enquanto dorme, o que estraga o sono de vez. Outro dado que assusta é saber que 20% dos caminhoneiros nunca foram ao oculista. Isto nos faz pensar como manter a saúde em dia pode prevenir acidentes nas estradas.
E o que dizer da influência do álcool e drogas sobre o desempenho do motorista ao volante? O Volume 6, Drogas e Álcool nas Estradas, traz um dado que deveria reger toda a classe: dois copos de cerveja já são suficientes para colocar sua própria vida em risco no trânsito, de acordo com a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego.
A combinação de drogas e automóveis tem consequências quase sempre traumáticas, quando não mortais, mas nunca é demais lembrar. Afinal, de acordo com pesquisa da USP feita com caminhoneiros na região de Ribeirão Preto/SP — citada no Guia — 72% dos caminhoneiros consomem bebidas alcoólicas, e mais da metade deles bebe de forma abusiva. O Guia é muito elucidativo ao explicar como se constrói uma dependência química, quais são os efeitos colaterais de diferentes drogas e como aconselhar um amigo ou parente seu que esteja na estrada e desviou para este caminho.
Mas do que adianta retornar ao seio familiar se tudo o que lhe espera são brigas, cobranças, ressentimentos? O Volume 4, que trata da Família do Caminhoneiro, mostra como é importante que o caminhoneiro invista na qualidade da relação com sua família, já que passa boa parte do tempo fora. Este Guia dá várias dicas do que o caminhoneiro pode fazer para construir um laço forte com sua esposa e filhos, lidando com os problemas de forma construtiva e respeitando os direitos de cada um, para ser respeitado também.
A igualdade de direitos entre pessoas de diversas origens, opções sexuais, gêneros e idades é o tema do Volume 8, Os Direitos Humanos nas Estradas . Com este Guia, o caminhoneiro não só entrará em contato com os direitos previstos em uma sociedade regida por uma constituição elaborada de forma democrática, mas também com as principais premissas da Declaração Universal dos Direitos Humanos — documento criado pelas Nações Unidas em 1948, estabelece as garantias inalienáveis à vida, à dignidade e à livre expressão, sem as quais nenhum indivíduo pode se desenvolver como ser humano e como cidadão.
É justamente a dignidade humana que queremos ver valorizada no aprendizado e nas ações dos caminhoneiros: seja denunciando queimadas ilegais e informando-se sobre a baixa qualidade do Diesel brasileiro — cujo teor de enxofre é 200 vezes maior que o do Diesel alemão — como preconizam os conteúdos do Volume 7, O Caminhoneiro e o Meio Ambiente; seja praticando uma direção defensiva e prudente nas estradas, como sugere o Volume 5, A Segurança do Caminhoneiro.
Não há uma ordem específica para aplicação destes conteúdos. A escolha dos temas partiram da pesquisa sobre o perfil do caminhoneiro e das próprias signatárias, que indicaram quais assuntos mais interessavam seus motoristas. Estes temas foram desenvolvidos de modo a se adequarem ao dia a dia das empresas, possibilitando a aplicação em rodas de conversa e em seus eventos e campanhas internas.
Avaliação das rodas de conversa
Cada volume traz uma ficha de avaliação, na qual o caminhoneiro pode se expressar fazendo críticas, sugerindo assuntos a serem discutidos em futuras edições, ou relatando histórias de sua experiência de vida relacionadas ao tema. Estimular os motoristas a avaliar o Projeto de Educação Continuada do Programa Na Mão Certa é fundamental para que o multiplicador, com este retorno devidamente registrado, planeje junto com a Coordenação os próximos passos da execução do Programa na empresa.
Ciclo de Workshops Regionais
Para aprender as formas de interação e abordagem mais adequadas, é importante que a empresa envie um profissional para fazer a formação de multiplicador, em um dos encontros do Ciclo de Workshops Regionais — atividade de formação que acontece em todo o Brasil e foca, também, a avaliação e monitoramento das ações realizadas na empresa, que devem posteriormente ser relatadas à coordenação do Programa Na Mão Certa, com o retorno recebido dos caminhoneiros.
Após concluir a formação, o multiplicador recebe os Guias junto com Fichas de Apoio referentes a cada um deles. Trata-se de um material que traz mais orientações sobre como apresentar o material e como aplicá-lo junto aos caminhoneiros, essencial para consulta durante as atividades.
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