Fotos: Romero Cruz | Danilo Ramos
Caminhoneiros e caminhoneiras inspiraram a plateia do “16º
Encontro Anual” ao falar sobre o dia a dia e os desafios da
profissão nas rodovias brasileiras.
É inspirador e tocante ouvir caminhoneiros e caminhoneiras sobre sua atuação como agentes de proteção de crianças e adolescentes contra a exploração sexual. Além de oferecer mais proximidade com a realidade nas rodovias brasileiras, as experiências e aprendizados relatados são essenciais para o Programa Na Mão Certa e as empresas parceiras aprimorarem suas ações de conscientização e engajamento e, também, atuarem na melhoria da qualidade de vida desses aliados tão importantes.
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Esta interação muito positiva foi destaque no
“16º Encontro Anual Na Mão Certa”, quando
caminhoneiros e caminhoneiras, conversaram sobre o dia a dia e os desafios
da profissão, durante Painel mediado pelo professor Elder
Cerqueira-Santos, da Universidade Federal de Sergipe, responsável
pela pesquisa “O Perfil do Caminhoneiro Brasileiro”.
Dois assuntos guiaram a conversa: o primeiro aniversário do
Ambiente Virtual de Aprendizagem “Juntos Na Mão Certa”
e os principais resultados da quarta edição desta pesquisa.
Mais de 4 mil motoristas das empresas que participam do Programa Na
Mão Certa já acessaram o Ambiente Virtual de
Aprendizagem “Juntos Na Mão Certa”, desde o seu
lançamento, em 2021. O objetivo é ampliar as
ações de educação continuada, do presencial
para atividades à distância. As trilhas, acessadas de forma
simples e rápida, pelo celular, tablet, desktop ou laptop –
sem APP ou uso de memória -, reúnem vídeos,
entrevistas e programas de rádio com mensagens sobre o papel dos
caminhoneiros como agentes de proteção de crianças e
adolescentes contra a exploração sexual e temas de
interesse, como bem-estar, saúde emocional e convivência
familiar.
Os convidados do Painel também comentaram destaques da pesquisa
“O Perfil do Caminhoneiro Brasileiro”, que apontou
diminuição significativa do relato de envolvimento com a
exploração sexual de crianças e adolescentes. Entre
os dados que amparam esta percepção, está a
afirmação direta de que 90% dos motoristas entrevistados
não fizeram sexo com esse grupo específico nos
últimos cinco anos. Em 2015, 87% responderam afirmativamente
à mesma questão e, em 2005, apenas 63% afirmavam não
terem feito sexo com crianças e adolescentes nos últimos
cinco anos.
Durante o Painel, os caminhoneiros e caminhoneiras também deram
exemplos do uso da tecnologia, comprovando resultados da pesquisa: se em
2005, apenas 32% dos participantes do estudo utilizavam o celular, agora
eles são 82%. O principal aplicativo é o WhatsApp,
utilizado como meio de trabalho, lazer e informação. E a
principal rede social é o Facebook. Vale registrar também
que 2% dos motoristas já estão fazendo faculdade on-line
pelo celular ou computador, mesmo quando estão viajando, e 4% fazem
alguma formação para atualização ou
capacitação na sua área.
Se a pesquisa comprovou os benefícios da tecnologia, também
trouxe um alerta: 6,7% dos motoristas entrevistados disseram ter recebido
oferta de programa sexual pelo celular, envolvendo crianças e
adolescentes. “Este dado é um sinal amarelo, para o qual
precisamos estar atentos”, afirmou Élder.
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“A tecnologia veio para ajudar. Sou um dos profissionais que têm curso superior à distância. Consegui fazer as trilhas do 'Juntos Na Mão Certa' nos momentos de parada e ficou muito fácil concluir cada etapa. Outra vantagem é que a gente deixou de ficar numa sala fechada, num dia de folga, para treinamento. Agora, a gente pode acessar, conforme a internet, onde a gente parar. Para mim, foi um grande alívio. E os conteúdos do 'Juntos Na Mão Certa' são muito relevantes. Com certeza, vamos nos preparar melhor para agir como agentes de proteção, não só na estrada, mas em todos os outros lugares. É muito importante ter um programa que se preocupa com esse assunto tão delicado e, também, se preocupa com a gente, nos dando conhecimento e a importância que temos nesse trabalho.”
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“Quando chego em um ponto de parada, percebo a maior presença de homens. Eles mudam o tom de falar, ficam mais comportados. Sou avó e tenho crianças em casa, então, quando saio para trabalhar, fico de ‘radar ligado’ e observo. O adolescente vê a gente chegar e já fica por ali, porque é uma presença de mãe, de tia... Realmente faz muita diferença. O que falta mesmo são mais mulheres no setor, para ter mais gente observando. Eu adoro o que faço, me sinto bem, o pessoal é educado comigo. Então, falta interesse das empresas em agregar mais motoristas mulheres, que fazem a diferença! Já ouvi: ‘Nossa, se a gente tivesse 10 motoristas iguais a você!’ Para mim, é um orgulho. É preciso dar oportunidade, muitas mulheres nem sabem que se dariam bem como motoristas, carreteiras. É muito especial estar aqui.”
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“Eu sempre viajei com o
meu marido, pois tinha medo. Hoje, sou motorista urbana, mas sempre tive
muito receio. Há pontos de parada escuros, muito ruins, sem sinal
de celular, uma ferramenta incrível, tanto para falar com a
família, como para pedir socorro. A gente precisa estar sempre
atenta, recebendo informações e passando adiante. Sempre
que tem sinal, a comunicação por WhatsApp é muito
importante, para troca de experiências. Se um lugar é
perigoso, é possível se antecipar e parar antes de chegar
lá. Mas ainda é preciso melhorar bastante a infraestrutura
para as mulheres, em alguns lugares é impossível ficar.
Com o aumento do número de mulheres na nossa profissão,
acabamos inibindo um pouco os colegas, impondo respeito.”
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“A tecnologia veio para ficar. O celular corporativo facilita o dia a dia do trabalho e dá acesso ao aplicativo do Programa Na Mão Certa. Sou voluntário do Programa e a tecnologia me trouxe um desafio maior. Antes, no final da jornada de trabalho, os motoristas costumavam se reunir para conversar e trocar experiência. Agora, essa roda de motoristas está praticamente acabando. É comum ter veículos com Wi-Fi e ar-condicionado, mesmo com motor desligado, que acabam sendo um lugar confortável para o motorista utilizar o notebook. Isso comprometeu a minha conversa com os colegas. Por outro lado, abordo frentistas e gerentes de postos, perguntado se viram alguma situação suspeita e conscientizando que, além da exploração sexual de crianças e adolescentes ser um crime, compromete o bom funcionamento do local. A nossa meta é que a exploração sexual de crianças e adolescentes seja zero, mas ainda estamos longe disso.”
✔ Assista ao vídeo do Painel
sobre os caminhoneiros e caminhoneiras
✔ Confira aqui o vídeo sobre o “Juntos Na Mão Certa”: