Fotos: Romero Cruz | Danilo Ramos
O projeto piloto do Viagens Corporativas foi construído de forma
colaborativa por Atlantica Hospitality International, CWT Brasil,
Gerdau, Movida e Santander.
“Neste exato momento, há milhares de pessoas viajando pelo mundo, e um número expressivo delas está em movimento em nome das empresas nas quais trabalham. Estas viagens geram impactos positivos para os negócios. Mas também, negativos, entre eles podem influenciar o aumento da exploração sexual de crianças e adolescentes.” Assim, chamando a atenção da plateia, Elisângela Machado, consultora da Childhood Brasil, começou o Painel 1 do “16º Encontro Anual Na Mão Certa”, sobre o “Movimento de Proteção de Crianças e Adolescentes Contra a Exploração Sexual nas Viagens Corporativas”.
Esta nova frente de atuação do Programa Na Mão Certa começou a ser criada em 2019, quando empresas participantes responderam a uma pesquisa cujo objetivo era levantar informações sobre os hábitos e a organização das viagens a trabalho. Os dados apurados foram associados a estudos internacionais sobre pessoas em movimento, destacando lugares, situações e comportamentos suspeitos que podem favorecer a exploração sexual de crianças e adolescentes e, consequentemente, representar riscos no fluxo das viagens para as empresas e seus colaboradores.
Segundo Elisângela, a exploração sexual de crianças e adolescentes nas viagens é uma forma de violência sexual organizada dentro do setor do Turismo. Utiliza suas estruturas e sua rede com a intenção primária de estabelecer contatos sexuais com meninas e meninos residentes nessas localidades das viagens. “Pessoas sozinhas em viagem sentem-se protegidas pelo anonimato. E podem encontrar, nos serviços das viagens, oportunidades para a violação de direitos de crianças e adolescentes, por meio da atuação de redes criminosas, sobretudo, quando meninas e meninos se encontram em situação de vulnerabilidade social, econômica e cultural”, explicou.
Para Elisângela Machado, Consultora da Childhood Brasil, ao
avançarem na proposição de ações de
responsabilidade social para atuar na prevenção da
exploração sexual de crianças e adolescentes, as
empresas pioneiras fortalecerão os princípios de ESG e os
direitos humanos.
A pesquisa realizada em 2019 deixou muito claro que o Programa Na Mão Certa estava diante de mais uma oportunidade de utilizar os canais das empresas para formar colaboradores como agentes de proteção de crianças e adolescentes contra a exploração sexual. Para isto, seria fundamental envolver também o trade do Turismo de negócios. A pandemia, porém, fez com que processo fosse suspenso por um ano, até ser retomado em 2021.
Com o apoio da Carlson Family Foundation, organização americana que atua no enfrentamento do tráfico de pessoas e da exploração sexual, e o apoio local da CWT Brasil, consultoria especializada no segmento de viagens corporativas, o Programa Na Mão Certa desenvolveu em 2021 e 2022 a proposta de um projeto piloto para Viagens Corporativas. Além da própria CWT, a construção colaborativa deste projeto contou com a participação da Atlantica Hospitality International, Banco Santander, Gerdau e Movida.
Entre as primeiras iniciativas, as empresas declararam publicamente “Tolerância Zero” à exploração sexual de crianças e adolescentes. Paralelamente, foram sendo desenvolvidas ações de comunicação, como o Manifesto do Movimento das Viagens Corporativas, além de posts para redes sociais e outras peças de comunicação. Todo este material apresenta a principal mensagem do Viagens Corporativas: “Vai Viajar? Ligue o Radar!”
Durante o projeto piloto, as empresas participaram de processos de assessoria e mentoria individuais e encontros periódicos conjuntos. Passo a passo, engajaram CEOs, executivos C-Level e lideranças médias; mapearam riscos, revisaram documentos institucionais e políticas internas, e participaram de formações sobre como engajar colaboradores, fornecedores, clientes e parceiros na proteção de crianças e adolescentes da exploração sexual nas viagens corporativas.
“Como resultado, essas empresas pioneiras avançaram na proposição de ações de responsabilidade social para atuar na prevenção dessa violência e, ainda, apontaram caminhos para avaliação do desempenho”, explicou Elisângela. E isto permitirá que fortaleçam os princípios de ESG e os direitos humanos.
Para ela, é importante reconhecer que todo esse resultado só foi possível graças ao compromisso de cada uma das cinco empresas e, principalmente, da equipe de pontos focais que dedicaram tempo e contribuíram com cada detalhe desse processo colaborativo de construção dessa metodologia. “Estou orgulhosíssima demais das empresas do projeto piloto”, reforçou Eva Dengler, Gerente de Programas e Relações Empresariais da Childhood Brasil.
Como próximo passo do Viagens Corporativas, Eva convidou as empresas e entidades presentes no “Encontro Anual” a participarem dele a partir de 2023, ampliando esta nova frente estratégica do Programa Na Mão Certa. E, em nome da Childhood Brasil, agradeceu à Carlson Family Foundation e à CWT Brasil por acreditarem no projeto piloto e contribuírem, de forma tão estratégica, no seu desenvolvimento.
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“Atuamos no mercado
há 23 anos, e há 17 anos iniciamos a parceria com a
Childhood Brasil no combate à exploração
sexual de crianças e adolescentes. O nosso programa de
responsabilidade social está completamente vinculado a essa
causa. Para contextualizar, a Atlantica é a maior administradora
hoteleira multimarcas do Brasil, com mais de 170 hotéis. Todos
nós temos que falar sobre a causa, e participar do piloto nos deu
a possibilidade de rever os nossos parceiros, os nossos riscos, os
nossos pontos de contato e sermos ainda mais efetivos na
conscientização e nessa luta contra a
exploração sexual. Sem dúvida, engajar a alta
liderança é um braço importantíssimo, mas
também é importante falar com recepcionistas, viajantes,
clientes, para conscientizar sobre esse problema real.”
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“É um orgulho para
a Movida participar do Viagens Corporativas. Engajar a alta
liderança foi o primeiro passo. Depois assinamos o Compromisso
Público e vimos a possibilidade de alterar nossas
políticas. A equipe de Sustentabilidade envolveu o Comitê
Sustentabilidade e revisamos a Política de Direitos Humanos, a
Política Sustentabilidade e o Código de Conduta com
Terceiros. As ferramentas do Programa nos auxiliaram para sermos
assertivos. E as novas políticas foram aprovadas em Conselho.
Depois, pudemos formalizar o nosso compromisso na proteção
de crianças e adolescentes da exploração sexual com
fornecedores, funcionários e demais stakeholders. Agora, temos a
missão de engajar funcionários e aproveitar as nossas mais
de 220 lojas no Brasil para também engajar clientes em
viagem.”
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”Há 15 anos a Gerdau é parceira da Childhood Brasil, no Programa Na Mão Certa e temos centenas de pessoas engajadas em nossas unidades pelo País. Quando a CWT nos convidou para participar, percebemos que podíamos fazer mais do que fazemos na parte de logística, transformando mais colaboradores em agentes de proteção. Como sempre falei durante o projeto, é preciso tratar o tema de uma forma leve para trazer as pessoas para junto da gente. Construímos a nova diretriz de viagens corporativas, incluindo uma cláusula na qual pedimos aos colaboradores que, como agentes de proteção, sejam responsáveis quando viajam e denunciem situações suspeitas com crianças e adolescentes. E, ainda, que utilizem o Disque 100, para denunciar e proteger uma vida.”
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“O Banco Santander tem no seu DNA a questão da garantia de direitos de crianças e adolescentes em situação de violência e vulnerabilidade. Em todas as nossas políticas, tanto de Conduta quanto de Responsabilidade Social e de Fornecedores, já temos essa questão da garantia de direitos colocada. E agora, como um avanço, poderemos deixar muito clara a questão da exploração sexual de crianças e adolescentes. Como somos uma empresa global, temos os tempos próprios de mudança. Além disso, vamos colocar o tema em vários treinamentos, pois em média são realizadas cerca três mil viagens de colaboradores por mês. E o fato de sermos uma empresa global abre a possibilidade de levantar essa questão em outros países onde estamos presentes. A ideia é a gente conseguir avançar bem mais.”
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“As empresas são
feitas de paredes e números, mas as ações
são feitas pelas pessoas. E são elas que vão
abraçar esta causa e levá-la adiante. Para a CWT, este
projeto veio ao encontro de algo que está dentro da nossa
cultura: atuar ativamente dentro das comunidades onde vivemos e
trabalhamos para proporcionar algum tipo de retorno. A
criação do Viagens Corporativas com as demais empresas foi
muito colaborativa, e isso foi fundamental. E as ferramentas que o
Programa Na Mão Certa nos proporcionou realmente ajudaram a
planejar melhor as nossas ações e a gerar valor na cadeia
de viagens e turismo, para o enfrentamento a exploração
sexual de crianças e adolescentes. A CWT emite passagens e faz
cerca de 3 mil reservas hoteleiras por dia, somente no Brasil. É
muita gente viajando, muita gente se movimentando e que precisa fazer
parte desse Círculo de Proteção de crianças
e adolescentes. Muito obrigado pelo convite para estar aqui nesse evento
maravilhoso!”
✔ Assista ao Painel sobre o Viagens Corporativas
✔ Confira o Vídeo do Manifesto do Movimento Viagens Corporativas